Haverá resistência ao metaverso?

Reportagem da revista Meio e Mensagem explora o slow como perspectiva relacionada ao minimalismo digital. Leia a íntegra aqui.

Em um mundo cada vez mais conectado, o conceito de metaverso e a possibilidade de ele existir hoje ou daqui há 15 anos, como prevê a Meta, torna a imersão digital mais latente. Levando em conta que que alguns games já são considerados metaverso, parte da população já é familiar a ferramentas e soluções propostas por plataformas interativas. Mas essa mistura de realidade será amplamente aceita?

Liderança no movimento slow, que propõe um consumo mais consciente e orgânico de produtos e serviços, Michelle Prazeres recebeu a intensa discussão sobre o metaverso como mais um atravessador diário na vida do público. Michelle é professora da Faculdade Cásper Líbero e fundadora do Desacelera SP, iniciativa definida como desaceleradora de pessoas e negócios e que toca os projetos Escola do Tempo, que forma lideranças para promoção da qualidade de vida corporativa; Dia Sem Pressa, festival de cultura slow; Guia Desacelera, com mapa de locais para desacelerar em São Paulo; e a Rede Desacelera SP, com pessoas e organizações ligadas ao movimento slow.

De acordo com a especialista, a sociedade caminha para a totalização da tecnologia com agendas ocultas e maquiadas como algo positivo que promove conexão e mobilidade. “É mais um esquema de imersão da nossa vida de forma não saudável e que pode nos levar para lugares não determinados. E essa forma de tecnologia impressa para nós como a única possível é violenta, porque ela carrega o projeto de cinco empresas de tecnologia que lucram cada vez mais a despeito de se responsabilizar. Vamos ficar mais acelerados, mais conectados e mais consumistas porque as plataformas são sobre entretenimento e consumo e não necessariamente sobre alimentação do pensamento crítico”, coloca.


Uma das vertentes do movimento slow é o minimalismo digital. Amplamente divulgado pelo professor de computação Cal Newport em seu livro “Minimalismo Digital: Para uma vida profunda em um mundo superficial”, o minimalismo digital propõe soluções para reduzir o consumo das tecnologias para o seu essencial. Segundo Michelle, até os anos 2000 e com o surgimento das redes sociais, o digital era um alento para manter relações, soluções rápidas e conexão. Os aplicativos de mensagens instantâneas, porém, se tornaram um marco negativo quando passaram a tomar mais tempo e atenção dos indivíduos. Para ela, a tendência é que esse movimento cresça conforme as tecnologias vão avançando de forma desproporcional e desequilibrando a balança entre a vivência digital e a orgânica.