Nascida para causar. Uma curadoria de soluções inovadoras e de incentivo ao bom uso de recursos naturais que aposta no “causador” que existe em você ou na indicação de um causador que apresente a solução que você precisa.
Como uma casa que se constrói, do alicerce ao acabamento, podemos dizer que a Casa Causa nasceu de um longo processo de construção de sentidos e significados pelo qual passou Flavia Lemes, uma de suas fundadoras, durante toda sua trajetória profissional.
Formada em Psicologia, o gosto por atuar em processos em que é possível promover mudanças e transformações a acompanha desde sua primeira experiência profissional: um trabalho educacional com crianças e adolescentes em conflito com a lei na antiga FEBEM (hoje, Fundação Casa). Ela se orgulha ao dizer que revitalizou o núcleo de profissionalização da instituição e deu vida ao conceito de liberdade assistida, permitindo aos internos que trabalhassem fora da unidade.
Flavia se apaixonou pela possibilidade de ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade a encontrar empregos e decidiu enveredar sua carreira para a área de recursos humanos, onde atuou em várias empresas de diferentes setores. De suas experiências ela destaca a de uma grande empresa de telecomunicações – que à época estava envolvida em fusões e aquisições e passava por uma profunda reestruturação, com um quadro de demissões e reorganização interna de pessoal. Foi lá que ela conheceu Luciana Annunziata, sua sócia na Casa Causa e em outras empresas e projetos.
Insights que levam da biografia ao bem coletivo
Juntas no desafio, elas desenvolveram um processo de transição de carreira inovador, trazendo um olhar mais humanizado às relações e promovendo uma sensibilização e direcionamento com foco no propósito de vida das pessoas, inclusive com apoio de recursos artísticos, como foto e poesia. Depois desta experiência, a parceria se estendeu para outras empresas e projetos.
Uma grande mudança na vida de Flavia, porém, redirecionou seu foco no sentido do empreendedorismo. A festejada gravidez da segunda filha trouxe também um incômodo e um insight, que acabou virando uma grande oportunidade: inconformada por não encontrar roupas confortáveis, elegantes e adequadas às mudanças no corpo que a gravidez proporciona, ela resolveu abrir, em pura empatia com seu ventre que pulsava, uma bem sucedida confecção de moda gestante, sob o comando da qual permaneceu por 10 anos. Neste período, ela continuou trabalhando com Luciana, sempre atuando em organizações cujos projetos envolviam mudança de cultura e inovação, muito voltados para impacto social e impacto ambiental, mas que ela prefere nomear, de maneira mais romântica, como “projetos de engajamento com respeito”.
Foi quando um novo insight lhes ocorreu. Elas estavam trabalhando em um projeto de consultoria em sustentabilidade para uma grande empresa de metais sanitários que tinha pouca penetração no mercado de São Paulo em plena época de crise hídrica no estado, mesmo tendo em seu portfólio produtos ecologicamente sustentáveis. A dupla foi desafiada pelo presidente da empresa, que as chamou e disse “já que vocês trabalham com inovação, quero que criem alguma coisa. Que nos ajudem a pensar em algo que promova a aproximação das pessoas (usuários) com as soluções que oferecemos”. E foi pensando nesta provocação que surgiu a ideia de criar a Casa Causa, com o objetivo de aproximar as pessoas às soluções de bom uso dos recursos naturais.
Da casa à causa
A Casa Causa começou como um projeto de sustentabilidade dentro de casa – “é a partir da casa e da educação que se muda a forma de pensar”, diz Flavia. Porém, com problemas para escalar o negócio a partir dessa vocação inicial, as sócias começaram a trabalhar por nichos e hoje o empreendimento tem como propósito ajudar escolas, supermercados e hotéis a serem sustentáveis, buscando soluções nas áreas de água, energia, resíduos, materiais, áreas verdes e educação de forma estratégica.
Além de orientar o planejamento estratégico sustentável dessas organizações, a Casa Causa faz uma curadoria de soluções e as oferece aos seus clientes. São os “causadores”, como elas carinhosamente identificam as pessoas ou empresas “empenhadas em aprimorar soluções e facilitar cada vez mais o bom uso dos recursos naturais”. No fundo, o que a Casa Causa faz é aproximar as pessoas. Esse é seu DNA, o seu “causar”. Uma casa que se sustenta é uma casa que se constrói a partir de relações saudáveis, que abriga com acolhimento e aconchego… Onde os problemas são divididos e as soluções são somadas, casa causamente…
Casa Causa no Festival do Fazer: enxergando a magnitude do simples
No Festival do Fazer, a Casa Causa será representada pela Flavia, que comandará a oficina de faxina ecológica. Para a Casa Causa, “o Festival é um momento de experimentar coisas que nunca fazemos, de entrar num universo de experimentações diversas, sem muita obrigação de dar certo ou não”. “Vamos lá para experimentar, para ver a evolução do que fazemos”, diz Flavia.
Para a Casa Causa, isso tem muito de inovação, de criatividade e também de sustentabilidade. “Transformar algo é um aprendizado, tem uma coisa de autoconhecimento”, diz. Tem um processo de autoestima, de se valorizar, de descobrir coisas novas e também de autoria, de sentir que fez algo, de que é possível. Sobre esse ponto, Flavia faz uma síntese em poesia: “o fazer nos faz enxergar a magnitude do simples”.
Sobre o motivo de estarem juntos, como parceiros do Festival, Flavia faz questão de dizer que é amiga de longa data da Ciça, da InTotum, e que sempre a admirou pelos seus fazeres manuais. “Acredito muito no trabalho dela, de sensibilizar as pessoas com o artesanal… a Ciça me pegou pela mão, literalmente”.
Ela também vê muitas sinergias com o Festival, pois a Casa Causa quer mostrar que a sustentabilidade é uma coisa simples, mas que é preciso colocar a mão na massa. “Temos esse propósito de consciência com ação, de que para causar impacto eu tenho que fazer”, complementa. Flavia também vê muita conexão com sua história de vida: “É uma inquietação que vem desde quando eu nasci, de querer refinar, de sempre querer fazer coisas melhores, de querer transformar. Qual a minha contribuição para o que está acontecendo no mundo? Também penso que minha missão no mundo é cutucar os outros: e você, não vai fazer também?”.
* Uma parceria do Desacelera SP com a Revolução Artesanal está dando origem aos textos sobre as pessoas e projetos que fazem o Festival do Fazer; elas passam a integrar o Guia Desacelera SP, que mapeia iniciativas, projetos e lugares que promovem uma vida desacelerada e valorizam a convivência afetiva na cidade.
Serviço:
Casa Causa
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