A PRESSA ADOECE A MENTE?

A pressa e a aceleração da vida são queixas para psicanalistas e psiquiatras desde que George Beard escreveu sobre o nervosismo americano em 1881, associando-o com o afã da época por novidades como luz elétrica, motor a vapor e relógio de pulso. A isso se somaram novas pressões. Se a vida fosse mais simples e nossos sonhos, mais humildes, não haveria turbilhão, termo que nos leva ao avião e suas turbinas. Medos, desejos e expectativas nos pressionam, por dentro e por fora, somente porque nos acreditamos tão livres e responsáveis pela realização de nossa felicidade que podemos livremente nos aprisionar a ela.

O ritmo acelerado ou lento da passagem da vida depende da relação entre a percepção de mudança e a mudança de percepção. Às vezes, parece que estamos parados no “carro da vida” e que é a paisagem que se move. Outras, estamos nos movendo tão rápido que não percebemos a paisagem mudar – crianças para as quais o tempo não passa, ou adultos tão ocupados que nem se dão conta de que o ano passou, ou, pior, de que a vida passou. Cumprir metas – obsessão de tantos – nem sempre é relevante diante de nossos sonhos e desejos, aqueles que tínhamos quando crianças. Vidas em estado permanente de “falta de tempo” produzem sentimento de extravio de si, esvaziamento e solidão. Contudo, vidas programadas, dietéticas e que cabem em seu próprio tempo vêm junto com falta de intensidade, tédio e sentimento de irrelevância.